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Livro

Um lugar ao norte

Autora: Silvia Gerschman

GÊNERO: romance | FORMATO: 16X23 | ANO: 2022 | PÁGINAS: 272 | Pólen soft 80

SINOPSE: “Tudo é autobiografia”, escreveu JoséSaramago. Um lugar ao norte, romancede Silvia Gerschman, é também essamesma jornada íntima noite adentro. Emum Brasil convulsionado e dilacerado, somostestemunhas de vidas fragmentadase à deriva, de laços familiares e de amizadeque não suportam o peso da verdade.Através da história de Narcisa, filhade fazendeiros e mulher à sombra de suaprópria existência, nos deparamos com asferidas que dão corpo ao nosso mosaicode mazelas e imperfeições.Como em um drama clariceano, emque tempos e espaços se cruzam e se consomematé que nada mais reste, a autoradá voz a um caleidoscópio de contradiçõese imperfeições, talvez, as únicas certezasque, realmente, possuímos. Se Henry Jamescolocou em Maisie a responsabilidadede enxergar o mundo e interpretá-lode uma maneira singular, antes que fossedevorada pelas convenções e silêncios davida adulta, Gerschman impõe o mesmojogo a Narcisa, o vórtice de Um lugar aonorte. É partir dela que tudo existe e sedesconstitui, e que se revelam os fantasmase os idiomas privados.Ao mesmo tempo que investiga tantasinflexões e dissensões, a escritora criauma narrativa elegante e charmosa, bemdelineada e fluída, em que linguagem econteúdo se articulam com originalidadee múltiplas camadas. Um lugar aonorte carrega o leitor por um vale de lágrimas,mas também por momentos deuma ironia fina e inteligente, de cenas lapidadas com a força de quem conhece aprecisão da palavra.Tudo está muito claro. A desigualdadesocial. A reforma agrária que nunca chega.O coronelismo e as milícias. A misoginiavelada e estruturada. As relaçõesincestuosas e de aparência. Em uma terrade estranheza, como a que encontram osem Um lugar ao norte, o afeto é a únicaresposta para as perguntas nunca feitas.Nesse mundo em pedaços, o que é a vidadiante da barbárie? O romance não deixadúvidas das batalhas que trava – tampoucode suas metáforas e representações –,porém, sem cair no vão da literatura urgentee descartável. Estão ali os ecos deGuimarães Rosa, Graciliano Ramos, JoséDonoso e Juan Rulfo, que se articulamcom naturalidade e beleza.Um lugar ao norte não é um livro decoincidências, mas de causa e consequência.O destino, na literatura de SilviaGerschman, não é um acaso protetor,e sim um labirinto de uma engenhariasentimental e social em que os personagenssão, um a um e em simultâneo, Faunoe prisioneiro. No final das contas, ficao gosto de uma leitura sólida e incômoda– que nos conecta com o mundo de umamaneira que poucos autores souberamfazer – e a sensação de uma experiênciaética e estética inconfundível. Jonatan Silva

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